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Capítulo 8 – Novos Rumos

  — O quê? Onde nós estamos?

  Olhei em volta, confuso. A paisagem ao meu redor era completamente diferente do castelo. árvores altas e densas cercavam tudo ao nosso redor, e o ar era úmido e frio. O som de folhas farfalhando com o vento era a única coisa que quebrava o silêncio da floresta.

  Meu cora??o acelerou quando percebi que n?o estávamos mais com meu pai. *Como isso aconteceu? Como viemos parar aqui?*

  Foi ent?o que meus olhos encontraram uma velha porta de portal logo à frente. Mas… ela parecia completamente desgastada, envelhecida como se estivesse ali há décadas. Algo estava errado. Muito errado.

  — Meu pai! O que aconteceu com ele? Eu preciso voltar rápido!

  Aiza ainda segurava minha m?o com for?a. Seus olhos estavam arregalados, como se esperasse que eu dissesse algo.

  — Aiza… o que você fez? — perguntei, minha voz carregada de raiva. — Por que me puxou para dentro do portal? Nós tínhamos que ajudar o meu pai!

  Ela abaixou a cabe?a, sua express?o carregada de culpa.

  — Eu… eu salvei nós dois. Se n?o fosse por mim, teríamos morrido! — disse ela, sua voz trêmula e os olhos marejados.

  Eu queria contestar, queria gritar que poderíamos ter feito algo para ajudar, mas… eu sabia que ela tinha raz?o. Se ficássemos lá, talvez já estivéssemos mortos.

  Mas a raiva e o medo ainda estavam ali, me consumindo. *Como tudo isso aconteceu t?o de repente? Aiza esteve com meu pai… talvez ela soubesse de algo.*

  — Como tudo aquilo aconteceu? — perguntei, tentando controlar a angústia.

  Aiza respirou fundo antes de responder.

  — Eu só me lembro de estar conversando com sua m?e, do lado de fora da carruagem, em algum lugar da cidade. O seu pai precisava resolver algo com uma pessoa, ent?o nós estávamos esperando.

  Ela parou por um instante, fechando os olhos como se tentasse reunir coragem para continuar.

  — Ent?o… ouvimos uma gritaria n?o muito longe. Sua m?e decidiu ir ver o que estava acontecendo. Quando chegamos lá, vimos um grupo de homens mascarados… eles estavam… — sua voz falhou. — Fazendo coisas horríveis.

  Meu cora??o apertou.

  — E ent?o?

  — Eles ainda n?o tinham nos visto, mas… no mesmo instante, uma casa do nosso lado explodiu!

  Meus olhos se arregalaram.

  — O quê?!

  — Eu lembro de sentir o impacto, o calor… tudo foi t?o rápido. Eu desmaiei na hora. Quando acordei, seu pai estava me protegendo no colo, mas ele parecia muito ferido. Ele me colocou no ch?o e correu para te salvar.

  Fechei os punhos com for?a.

  *Droga!*

  Eu ganhei uma nova vida… e agora ela está sendo arrancada de mim antes mesmo de eu conseguir fazer algo. *N?o! Eu n?o posso aceitar isso. Preciso voltar! Preciso ajudar meus pais!*

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  — Aiza… onde nós estamos?

  Ela olhou em volta, claramente t?o perdida quanto eu.

  — Eu… n?o fa?o ideia. Eu imaginei o castelo, igual o Rike ensinou, mas viemos parar aqui…

  Algo estava errado.

  — Ent?o vamos usar a porta de portal de novo. Dessa vez, vamos direto para o castelo! — disse, me virando para a velha porta.

  Mas, antes que eu pudesse me aproximar, Aiza gritou:

  — Lucas, n?o podemos voltar! Nós temos que seguir para o castelo!

  — Eu n?o ligo para isso! Eu vou ajudar meu pai!

  Toquei a porta… nada aconteceu.

  Tentei de novo. Nada.

  — O que é isso, Aiza? Por que n?o está funcionando?

  Ela balan?ou a cabe?a, parecendo t?o surpresa quanto eu.

  — Eu… eu n?o sei…

  *Será que o portal quebrou?*

  Comecei a perder a paciência.

  — Ativa logo, porta inútil!

  Nada.

  Foi nesse instante que senti os primeiros pingos de chuva caírem sobre minha cabe?a. Rapidamente, se intensificaram, se transformando em uma tempestade forte.

  — Lucas! Precisamos encontrar abrigo! — disse Aiza, já come?ando a se mover.

  *Droga!*

  Sem outra op??o, segui Aiza floresta adentro. A chuva piorava a cada segundo, tornando o ch?o escorregadio e enlameado.

  Mas minha mente estava em outro lugar. Eu n?o conseguia parar de pensar nos meus pais. No que poderia estar acontecendo com eles enquanto eu estava aqui…

  — Ahh!

  O grito de Aiza me trouxe de volta à realidade.

  Olhei para trás e vi que ela havia escorregado no barro. Corri até ela e estendi minha m?o para ajudá-la a se levantar.

  Assim que ela segurou minha m?o, soltou um grito de dor.

  — A-Aiii!

  — O que foi?!

  Ela respirava com dificuldade, seu rosto torcido em dor.

  — Acho que… torci o tornozelo… está doendo muito…

  *Bosta! Como se já n?o tivéssemos problemas suficientes!*

  — Ent?o… tenta voar! — sugeri.

  Aiza fez uma careta.

  — Gasto muita mana para controlar o ar assim… e com essa dor insuportável, n?o vou conseguir me concentrar…

  Suspirei. Sem op??es, passei seu bra?o pelos meus ombros e a ajudei a andar.

  — Vamos achar um lugar para esperar a chuva passar. Você n?o pode continuar assim.

  — Tudo bem…

  Continuei a andar com ela apoiada em mim. Precisávamos de um abrigo logo.

  Foi ent?o que avistei uma pequena caverna na encosta de uma montanha.

  — Aiza, aguenta firme. Achei um lugar!

  Nos apressamos até a caverna, enquanto a tempestade só piorava. Relampagos cortavam o céu, trov?es rugiam ao nosso redor.

  Assim que chegamos, nos jogamos no ch?o da caverna, exaustos. Aiza olhou para as m?os e usou sua magia para fazer galhos crescerem do ch?o, ent?o os incendiou, criando uma fogueira.

  — Obrigado, Aiza…

  Ela n?o respondeu. Quando olhei para o lado, vi que já estava dormindo.

  *A pirralha devia estar exausta… n?o a culpo. Eu também estou.*

  Meus olhos ficaram pesados, e antes que percebesse, acabei adormecendo ao som da chuva e dos trov?es…

  ***

  Acordei devagar, sentindo meu corpo pesado e dolorido, como se cada músculo tivesse sido esmagado por uma rocha. A luz do dia já invadia a caverna, filtrando-se pelas frestas da entrada. Aiza ainda dormia ao meu lado, sua respira??o calma e regular, completamente alheia ao mundo exterior.

  — Melhor n?o acordá-la… — murmurei, levantando-me com cuidado para n?o fazer barulho.

  Caminhei até a entrada da caverna, esticando os bra?os para aliviar a tens?o. O ar da manh? era fresco, carregado com o cheiro de terra molhada e folhas úmidas. A floresta parecia tranquila, quase pacífica, como se a tempestade da noite anterior nunca tivesse acontecido.

  Foi ent?o que ouvi.

  Um rugido.

  N?o era um som qualquer. Era profundo, gutural, e ecoou pela floresta como um trov?o, fazendo as árvores tremerem e os pássaros levantarem voo em panico. O som era t?o intenso que senti minhas entranhas vibrarem, e um calafrio percorreu minha espinha. Era como se a própria floresta estivesse gritando de medo.

  — O que diabos foi isso? — sussurrei, meus olhos escaneando a densa vegeta??o à procura da fonte do barulho.

  Meu cora??o acelerou, e uma sensa??o de urgência tomou conta de mim. *Se for algo perigoso, precisamos sair daqui agora!* Mas, ao mesmo tempo, uma curiosidade mórbida me puxava em dire??o ao som. Eu precisava ver. Precisava saber o que era capaz de emitir um rugido t?o aterrorizante.

  Caminhei em dire??o ao rugido, cada passo cuidadoso, tentando n?o fazer barulho. A floresta parecia mais silenciosa agora, como se todos os animais soubessem que algo terrível estava por perto. O ar estava pesado, carregado de uma energia que eu n?o conseguia explicar.

  Ent?o, avistei.

  Uma clareira à frente, e no centro dela, uma cena que parecia saída de um pesadelo.

  Uma horda de lobos gigantes, cada um do tamanho de uma casa pequena, com pelos negros como a noite e olhos que brilhavam como brasas. Eles cercavam um único homem.

  Um velho.

  Ele estava de pé, calmo, como se a presen?a das bestas n?o o afetasse em nada. Seus cabelos grisalhos eram longos e desgrenhados, e sua barba branca caía sobre um manto surrado que parecia ter visto incontáveis batalhas. Em suas m?os, ele segurava uma espada simples, mas a maneira como ele a empunhava transmitia uma confian?a absoluta.

  Os lobos rosnavam, mostrando dentes afiados que brilhavam sob a luz do sol. Eles se moviam em círculos ao redor do velho, como se estivessem tentando intimidá-lo, mas ele n?o se mexia. Seus olhos estavam fechados, e ele parecia estar em paz, como se estivesse meditando.

  Ent?o, ele abriu os olhos.

  E tudo mudou.

  O velho murmurou algo, t?o baixo que eu mal pude ouvir. Sua espada brilhou por um instante, como se absorvesse a luz ao seu redor. Ele a ergueu lentamente, posicionando-a próximo ao rosto, como se estivesse prestando homenagem à lamina.

  — Venham — disse ele, sua voz calma, mas carregada de uma autoridade que fez até mim, escondido entre as árvores, sentir um arrepio.

  Os lobos n?o hesitaram.

  Eles avan?aram todos ao mesmo tempo, rugindo e saltando em dire??o ao velho com uma fúria bestial. Era uma cena caótica, um turbilh?o de garras, dentes e pelos escuros.

  Mas o velho n?o se moveu.

  N?o até o último instante.

  Ent?o, ele agiu.

  Foi t?o rápido que mal pude acompanhar. Sua espada cortou o ar como um raio, criando um brilho que parecia dividir o mundo ao meio. O movimento foi fluido, preciso, como se ele estivesse dan?ando. Cada golpe era calculado, cada corte mortal.

  Um lobo saltou em sua dire??o, mas antes que suas garras pudessem alcan?á-lo, a cabe?a da besta já estava separada do corpo. Outro lobo veio por trás, mas o velho girou com uma gra?a sobrenatural, sua espada cortando o animal ao meio como se ele fosse feito de papel.

  Em menos de um instante, todos os lobos estavam no ch?o, suas cabe?as decepadas e seus corpos imóveis. O velho permane

  ceu de pé, sua espada ainda brilhando levemente, sem uma única gota de sangue nela.

  Ele respirou fundo, como se aquilo tivesse sido apenas um exercício trivial, e ent?o olhou diretamente para mim.

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